De um vazio inexplicado
Marcado num fundo branco
Sobrou um tudo vazio
Que se esqueceu no meu peito
Cravado sem faca nem nada
Que lhe desse explicação
De um cego mundo que é novo
Levando uma vela na mão
Que iluminava ao contrário
Calando, sentindo frio
Aumentando ao invés o buraco
Um mundo sem mundo
Vazio.
Nem cheiro, nem urro, nem rasgo
Principalmente nem cor
Que perdem sentido as palavras
E as línguas (sobretudo os versos)
Mundo sem mundo
Um só sentido o diverso.
Abrindo-se rumo ao infinito
Fecha o escuro em mim
De fora pra dentro
Pesado
De fora pra dentro pesado
Fecha o escuro sobre mim
Abatendo-se na forma
Deformando
Inexistindo.
Nem mesmo as crianças têm medo
Nem elas talvez nem percebam
As negras as brancas as feias
Negro, se tornam, escuro.
O Altiplano dos Andes, o Pacífico, o Báltico
Todo e qualquer horizonte
Ou um palmo do nariz
Tornado pra dentro das gentes
E revertido pra fora
Tornado o mundo e tudo mais que o habita,
Vísceras
Escuro.
Um mundo de nossas entranhas
E do Fonseca e da Glorinha
Onde nem nós caberíamos
Elas absolutas
Nem más nem boas, as entranhas
Nem mesmo nem coisa nenhuma
Habitasse sem mais esse mundo
E soberanamente e num silêncio tremendo
Não sei definir no momento
Se só imperava tristeza
Ou se desesperava
Um mundo da minha excrescência
Convivendo com o do teu tormento
A tristeza toda do mundo
Gritada em um só lamento
Repleta do nosso vazio
Do perdido esquecimento
Da estupidez e da esperança
Nossos antolhos e nossos ungüentos
E as coisas nossas nenhumas
Que são a maioria das coisas
Nos dessem a real dimensão
Do resto e do pouco que somos
Frente a nossa escuridão.
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
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