quarta-feira, 13 de abril de 2011

Prêto di Maria

                       Aos prêtos olhos azuis di Maria                    
 
A câmara escura,
trás as lentes azuis de olhos Maria,
revela o prêto.

Como se cruzasse, de novo,
um misterioso Atlântico,
o prêto,
chega antigo e futuroso
retido nas lente-retina di Maria.

E é luz que reluz
do prêto que nunca é escuro.
Da melanina
de película onde se retiveram histórias
açoites, suores
abraços e batuques.

Vêem-se,
nos criolhos azuis de Maria,
almas cólor-incolores
Dores e amores,
Saudades,
ressoarem segredos.

E lua após lua,
em ginga de tambores.
Num furdunço de horizontes e Orixás.
Maria trocou olhares
(fez a muda).
Trocou olhos por alma.
Azul por prêto...
Empreteceu. Denegriu.

Repercutiram, então, catástrofes.
Misérias cravadas em cicatriz,
noites mal dormidas,
galeras, canhões
refletiram nos prêtos olhos azuis di Maria...

Que chorou fotografia.