terça-feira, 30 de novembro de 2010

Saudade?


Se eles somem
e vão;
nos dessobedecem.
Se se perdem pela mãos.
Desaparecem,
no espelho,
na poeira,
quando nós também insistimos em partir.

Dessa perda,
Fonte e motivo verdadeiro desse descaminho insistente,
desse sempre fazer amigos e amores
que a humanidade vem repetindo desde sempre:
medo da saudade?

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Pecado

“Pecado?!?,
Pecado é roubar e não poder carregar.”
Três corações que eu roubei caíram do balaio.
Sem concerto.

domingo, 14 de novembro de 2010

África

De diarréia e inanição.
De AIDS e solidão,
morre a África.
Morre de colonização.

Em guerra morre a África,
nosso povo pai e irmão.

De Apartheid e ONGs,
morrem os pretos,
da peste negra da fome.
Morrem de minas
de diamante, de explosão.

Em guerra morre a África,
nosso povo pai e irmão.

E é pus que verte
as tetas murchas e quebradas.
É pus,
que desmoraliza os Carpaccios,
os sorrisos,
o sistema de nações.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Curta-poema-canção Copan 28º


Câmera na testa, Copan 28º. Deitado estático, ventilador ou algo que demonstre estar filmando. 5 segundos, inspiração funda, pigarro. Move a câmera, ficando de pé. Mostra uma agitação de amigos, em volta. Agitados, mas como se não produzissem som. Pego a direita, venho do sofá cinza, corredor, passos. Atravesso a cozinha, esbarro em algo, não ligo: pareço estar apertado. Pau pra fora pela braguilha, jôrro forte. Já olhando a paisagem, do alto, linda e terrível. Suspiro e solto os primeiros saudosos versos do “Frevo número dois de Recife”. Sob a percussão do mijo na água embalo o restante, até o fim. Na volta no corredor silêncio e passos. Os amigos continuam agitados e em off. Volto para posição anterior e vem a Bethânia rasgando o frevo! O Único ruído do mundo é um “Frevo número dois de Recife”. Olho para os amigos, volto para posição. E sobem os créditos.