Pelo que se assemelham aos céus
Seus olhos
Semeiam em mim uma pálida e confusa insensatez
Vejo
(ou imagino)
Por trás do atmosférico azul
A escuridão de quem anda perdida
O giro assíduo das constelações e dos sistemas
E o girar em torno ao giro do universo.
Essa obstinada sistemática,
dinâmica infinitesimal e infinita
que se erra estraga em volta o transcorrer das vidas
pondo fim, repetindo, ou iludindo os feitos,
Se encerra
Nesse falso azul brilhante
Que me atormenta.
É nesse falso azul que se assemelham aos céus e me atormenta,
Densidade aérea que nos oculta o universo
Onde nunca foram vistas nuvens gris, ou vento, ou trovoada
Mas que serenaram algumas chuvas delicadas,
Eu te passeio e nem sabes.
Nesse universo que te espreita,
Cheio de enormes distâncias
Que se medem pelo caminhar da luz
Pelo passo apressado e expansivo
Dessa senhorinha de desde sempre,
É nesse silêncio
Que eu te sei.
E envelhecerão os céus e os pensamentos
Serão substituídos os belos e as belezas
E a tua carne já desistida
Os teus seios e as outras nuances que aqui não canto
As curvas de um outro poema
Jazem
Já eram
Mas teus olhos que se assemelham aos céus
Permanecerão
Vítimas atentas
Da infinita e eterna sistemática do universo.
E só através deles é que se dará conta
Só por eles
Que teremos a resposta.
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Nossa!!! Lindo!
ResponderExcluiracho que vc superou todos os seus escritos daqui do blog até então. é tão arrebatador que enquanto lia me vinham cenas de "sonhos" do Kurossawa, talvez esse filme não seja emblemático, mas nunca vi outro mais belo... gostaria de poder dizer ao kurossawa o que sua arte faz comigo...para vc posso dizer: ainda estou nadando pelas águas serenas e um tanto míticas de seu poema e eu adoro nadar. agradeço ao artista!
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