Corda Bamba
Poema de levar pra casa
Quer que eu leve alguma coisa
uma angústia
um poema
se eu te levasse uma rima
Você me enchia de louros?
E você me envolvia o pescoço
Dava-me um cafuné
Se eu te levo este poema?
Quer que eu leve para casa
Um Quilo de alguma coisa?
Um sabor
Um disparate
Morango com creme de leite
Qualquer coisa que te mate
A Fome,
A saudade,
O deleite?
E se eu te levasse um drama
Ou um filme de comédia
Shakspeare!
E se eu fizesse galhofa
Daquela minha (antiga) tristeza
Seria mais que tragédia,
Um épico além do discurso,
Seria entretenimento
Gozando de mim e da dor?
Se me esboçasse um sorriso
Ou morresse de pena
Já valeria a pena
Chegar a ti outro dia.
E se eu te chegasse vazio
Assim
com as mãos abanando
E se eu não levasse nada
Vazio mesmo
Tristeza?
Você não me entenderia
Chorava
Fazia bico
Brigava por minha alegria
Luta vã.
Pois bem sei que nesse dia
Nada de bom valeria.
E se no dia seguinte
Nada de novo ocorresse
E eu te levasse um atraso
Sem mais nem menos
Mais tarde
Chegasse de cara lavada
Como se não houvesse nada
Sentasse sozinho na mesa
Deixasse escorrer uma lágrima
Comesse a comida fria
Você não compreenderia
Mas deitava sozinha ao meu lado
Naquele dia seguinte.
Também te levei mentira
Desculpas, choro, silêncio
Não era pra esconder mulher
Tampouco mentir por mentir
Mas se em mais outro dia
Não pudesse levar nada
E inventasse o que levar?
E se isso voltasse amanhã
Durante a semana inteira
Eu entrasse em desespero
Caísse na bebedeira
Me perdesse pelos cantos
(medo de voltar pra casa)
Você me receberia?
Cuidava de mim e do porre?
Ou me expulsava a vassoura
Vaso ao vento
Pau de enrolar macarrão
Cuidava de mim e do porre?
Se me desse essa esperança
Eu superava o degredo
Levava até ti um segredo
Amor, medo, carinho, medo
De não poder levar mais nada
De não voltar
De me perder
E já era.
Hoje eu te trago um poema.
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Que bonito isso...
ResponderExcluirO "se" cabe sempre no poema. Mas tão pouco na vida.
E se a vida se encher de "se"?