sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Súbito


Súbito e sobressaltado
Busquei em mim um meio de conter-me
Inconsciente e cônscio
De que o devir não poderia
(Alheio a mim)
Vir de onde viesse

Embriaguez
Lúcida, trêmula e intermitente
Comoção lenta do mundo
Vagueza dos meus olhos e das gentes
Os meus e os seus sentidos
Frente a frente

Afrouxada
A realidade em meu pescoço
Desavexadas as palavras me saindo
Berros e gritos e silêncios e murmúrios
Cada uma falando como sendo

Alegria até na minha tristeza
E tristeza um pouco em meu sorriso
Que fosse só sinceramente
Pitadas, gotas de eu imenso.

De quando em quando
a dor, só, me valeria
Mas dentro de uma calma extrema.
Grudado na memória
Na saudade
Numa idéia fixa
Por exemplo, de doença ou morte
Ou de amor
Mas só doesse
Não inquietasse.

Embriaguez
Das sete à meia noite
Às vezes até cinco da manhã
Mas tão natural e intermitente
Que se não tê-la sentiria-me anormal
Tênue e retilínea embriaguez
Fazendo o mundo literal
Literatura
O rei, eu, você, ana, leões, fantasmas, vasos de flores
Literatura.
E na manhã seguinte e noite toda
Novamente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário