sábado, 23 de julho de 2011

Quando tomba no front um companheiro


                                                                            A Paulo Piramba

A notícia
não vem em telegramas.
Vem num zunido atônito:
um companheiro tombou no front.

Não há qualquer sinal de trégua.
Passam zunindo sobre nossas cabeças rajadas de ameças atrozes
e todas as ciências de endurecer corações seguem em açoite.

Mas há uma mensagem:
um companheiro tombou, um dos nossos.
E os olhos dos que seguem entrincheirados rangeram,
os dentes trincaram.
Então, o mais silencioso dos estrondos revolveu a matéria profunda
dos punhos e dos sonhos.

Um companheiro tombou no front.
Um desejo sereno de vingança correu na saliva dos entrincheirados.
Avançar! Avançar!
Antes que outros olhos se cerrem sem ver.
Avançar! Avançar!
Fazer findar as trincheiras e os inimigos!
E na redenção vitoriosa dos vivos
Redimir nossos mortos.

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