segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Suruíal Beat


Perdi-me
Nas vagas ruas
De um qualquer lugar.

Um louco fugido
Abriu a velha porta de um armazém
Onde armazenava seus ancestrais.
Mesmo assim,
Entramos pela janela.
E descobrimos uma tia-avó em comum.

Através dos sonhos dela
Vagueei por de ja vus
Por vagas amarelas, onde
pétalas de algas desconhecidas boiavam
E senti cheiro de esterco em alto mar.
Derivei além de vaguear.

Numa única lambida
Alcancei dos calcanhares à nuca
De uma fêmea linda e morta na qual se transformou o mar revolto
Que reviveu e grunhiu, salgada
Enquanto à engolia num gole.

Sanguíneo,
Caminhei ensolarado pelas sombras
Desenterrei uma ampola de lágrimas
Sob os escombros de uma fábrica de umbrelas.
No Soho, na Istambul, no Lau? No Aleph.
Esvaziei na chuva vermelha de um ocaso de abril.

Sonhei que acordava.

“Finalmente, dei uma caminhada solitária até o dique.
Queria sentar na margem enlameada e
Curtir o rio Mississipi;
Em dez disso,
Tive de contemplá-lo com o nariz encostado numa tela de arame.
Quando começam a separar a pessoas de seus rios,
O que é que nos resta?”

2 comentários:

  1. Embriagante esse poema. Sensacional!... bj, Lu.

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  2. Pô cara. Tô dando uma volta por aqui de quando em quando. Vc já deve ter percebido.. rsrs.. Demais esse poema!! Quem sabe, virar um folk a la Bob Dylan. Tenta a sorte!

    "Sob os escombros de uma fábrica de umbrelas.
    No Soho, na Istambul, no Lau? No Aleph."

    No Lau?! tu devia estar em transe! Bom demais.

    Abração!

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